Vereador de Três Corações é cassado após denúncia de violência sexual contra filha adolescente
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Nove dos treze vereadores votaram para que Evandro Ladeia Guimarães (PL) perdesse o mandato por quebra de decoro. Comissão entende que houve quebra de decoro e cassa mandato de vereador de Três Corações
A Câmara Municipal de Três Corações (MG) cassou, em sessão extraordinária realizada nesta quarta-feira (4), o mandato do vereador Evandro Ladeia Guimarães (PL), que foi alvo de uma investigação da Polícia Civil por suspeita de violência sexual contra a própria filha, de 14 anos.
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A defesa de Evandro Ladeia Guimarães questionou a tramitação do processo da comissão, disse que houve violação do direito à ampla defesa e que irá recorrer da decisão na Justiça, onde já tramitam, em primeira e segunda instâncias, mandados de segurança contra o processo de cassação.
“Respeitamos o plenário, mas ainda entendemos que há irregularidades para serem analisadas pelo Poder Judiciário. É importante dizer que o mérito, o Poder Judiciário, não vai analisar. Ele vai analisar se esse processo que tramitou na comissão processante tem algum vício ou não. E a gente entende que sim”, afirmou o advogado Adriano de Oliveira Silva.
Segundo a assessoria jurídica da Câmara, Evandro apresentou defesa com mais de 30 páginas no processo aberto pela Comissão. Depois foi intimado pessoalmente por algumas vezes, mas não compareceu, mesmo com o prazo inclusive complementado.
Mandato de vereador de Evandro Guimarães (PL) foi cassado em Três Corações, após denúncia de violência sexual contra filha adolescente
Câmara Municipal de Três Corações
Votação
O resultado da votação foi nove votos a favor, dois contra e duas abstenções. Veja como cada vereador votou:
A favor da cassação:
Carlos Eduardo Silva de Oliveira - Du Cara Gorda (PSDB)
Denísio Inacio do Nascimento - Gambá (PDT)
Elias Pereira - Elias do Projeto Ypiranga (PRD)
Frederico Dimas Costa dos Santos - Fredy Costa (PRD)
Leonardo Farah Maciel (PSDB)
Leonardo Rezende Vilela (PP)
Mônica da Silva Lemes de Oliveira (Avante)
Vinicius Pinto Dutra (Rede)
Wesley Michel Rezende Dardaque - DJ Wesley (Podemos) - presidente da Câmara
Contra a cassação:
Lucíola Viviene Achilles Medeiros Araújo - Lucíola Perita (Avante)
Weber Eugenio de Souza - Werbinho (PL)
Absteve de votar:
Christian Garcia Pereira (PL) - suplente de Evandro Guimarães
Ricardo Ferreira (Avante)
Câmara Municipal de Três Corações (MG)
Andressa Souza/EPTV
A sessão começou às 14h30. Durante a leitura do relatório da comissão processante que investigou a conduta do vereador, o plenário da Câmara foi esvaziado pela plateia, ficando apenas os vereadores, devido ao documento conter informações sobre menores de idade que estão em segredo de Justiça.
Em meio à votação foi divulgado um documento informando que a Polícia Civil iria sugerir que o Ministério Público arquivasse a denúncia criminal porque o inquérito não encontrou elementos suficientes para o indiciamento de Evandro Guimarães. A informação foi confirmada pelo delegado de Bom Sucesso, Edgar Polo Sardinha, responsável pela investigação.
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O documento foi citado por alguns vereadores como justificativa para o voto contrário ou abstenção da votação de cassação.
Evandro Guimarães foi o vereador mais votado nas eleições municipais de 2024, com 1.214 votos, o correspondente a 3,17 % dos votos válidos. Ele lamentou a decisão da Câmara Municipal.
“Perde a democracia, perde três corações. Infelizmente, 1.214 eleitores de Três Corações tiveram seus votos jogados no lixo por uma perseguição política. É lamentável que tenha tido esse desfecho, mesmo com o delegado, responsável pela investigação, optando pelo arquivamento do processo. Lamento profundamente pela minha cidade, pelo povo que me escolheu, mas garanto que enquanto for possível, em respeito à minha cidade, aos meus eleitores, farei tudo que for possível para que esse erro seja corrigido”, afirmou.
Entenda o caso
Em março, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o vereador Evandro Ladeira Guimarães (PL), de Três Corações (MG), por suspeita de violência sexual contra a filha de 14 anos. Uma medida protetiva também foi solicitada pela PCMG.
Um boletim de ocorrência foi registrado pela mãe da menina contra o vereador no dia 6 de março. O caso teria acontecido no dia 1º de março, durante o Carnaval, quando pai e filha estariam em Bom Sucesso (MG). A suspeita é que ele tenha passado a mão nas partes íntimas da adolescente.
Quando houve a abertura do inquérito, a Câmara Municipal de Três Corações divulgou uma nota informando ter enviado um ofício à Polícia Civil para ter mais informações sobre o caso e poder adotar as medidas cabíveis no âmbito das atribuições institucionais e legais da Casa Legislativa. Disse também que repudiava "toda forma de violência e abuso contra quem quer que seja" e se comprometeu a manter a população informada em relação aos processos referentes ao assunto.
Câmara aprova por unanimidade criação de comissão para apurar conduta de vereador
No dia 17 de março, a Câmara aprovou por unanimidade a abertura de uma comissão processante para apurar a conduta do vereador. Na ocasião, uma denúncia feita por uma moradora de Três Corações foi lida em plenário e aceita pelos vereadores votantes.
Após a leitura, foram sorteados os vereadores que fariam parte da comissão, além da definição de quem seria o presidente e o relator dos trabalhos.
À época, o vereador investigado disse que repudiava as "absurdas acusações" e que jamais cometeria qualquer ato monstruoso como esse e ainda mais contra a própria filha. Ele também disse que tem plena confiança na Justiça e que está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento e que, no momento oportuno, provará a sua inocência.
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